Nossa, nem acredito que janeiro já acabou!

A virada do ano foi uma loucura, tentando terminar um projeto super experimental no trabalho que era pra ter terminado antes do Natal. Terminei no mês deste mês, pra descobrir que a complexidade da implementação acabava prejudicando tanto a otimização pretendida no tempo de compilação que não valia a pena o esforço. Ainda estou pra tentar tirar algo de útil desse um mês de trabalho violento...

Depois disso, entrei em férias, e, salvo correções ocasionais de regressões que introduzi no GCC com o projeto que pretendia otimizar, tenho trabalhado no Linux-libre. Além de uma nova imagem mostrada no boot e na página de rosto do projeto, que reusa, no símbolo de %, a barra de GNU/Linux-libre, para embutir as imagens do GNU e do Freedo no texto 100% Freedom, consegui dobrar a velocidade e reduzir em 10 vezes o consumo de memória do script deblob-check, o que mais consome recursos no processo de limpeza e liberação do Linux. E ainda há ainda mais melhorias no mapa! Viva!

Também estreei a série Mitologia Grega na Revista Espírito Livre, com um artigo que faz um paralelo entre rituais não inteiramente desvendados praticados na Grécia antiga e o uso de software privativo e secreto para enviar declarações de ofe-rendas ao Leão de Neméia. Foi divertido escrever, espero que fique agradável de ler e, mais importante, que mostre cabalmente o quão insensatos são os argumentos sustentados pela Realeza Fiscal, err, Receita Federal, para não liberar o IRPF2010. O artigo elabora alguns dos temas que enviei como relatório de problemas encontrados na versão de testes do IRPF2010, publicada e já tirada do ar pela RF.


Ainda deu tempo de dar uma passadinha no Campus Party Brasil, na quarta-feira 26, pra participar de uma mesa redonda sobre direito autoral no Campus Fórum, enquanto assistia no telão ao lado notícias sobre o lançamento, no mesmo dia, do computador com mais restrições artificiais já lançado até hoje, um exemplo que espero que não seja jamais imitado ou superado. Campus Party definitivamente não é um evento de Software Livre :-(

Fui abençoado pelo tempo no dia da viagem. Embora chuvoso, não trouxe caos ao trânsito de Sampa nem na ida nem na volta. Quase fez parecer que não há incompatibilidade entre vida inteligente e uso de automóveis em São Paulo. Noticiários sobre a véspera e o dia seguinte lembraram que a impressão foi “nuvem passageira, que com o vento se vai” (quem lembra da música?) Nessa altura, já dava pra mudar o nome da cidade pra Rios de Janeiro, porque, pelas negociatas da dupla chuchu serrado, parece que o problema não tem solução à vista. Ou, no caso, tudo aponta para que a cidade seja uma imensa solução pouco salina, mas com alta concentração de catástrofes. “Chove, chuva, chove sem parar...” já encheu, por assim dizer.

Lá no Campus Party, Larissa se divertiu bastante passeando com o GNU e dançando no Sound Walk. No debate, defendi a extinção do direito autoral, posição pessoal que já venho defendendo em artigos como Nem Tudo Vale a Pena, escrito para o blog coletivo Trezentos e para o MegaNão ao AI-5.0, e Repartindo o Bolo Direito, escrito para o SENAED 2009.

Lamento ter esquecido de esclarecer que se trata de posição pessoal, não necessariamente promovida ou defendida pela FSFLA, e não ter podido abordar o copyleft (tanto o da GPL, da defesa das liberdades do Software Livre, quanto o “tudo pode” que alguns entendem por esse termo, especialmente nos meios da Cultura Livre) e como ele se encaixa nessa minha posição. Fica pra outra ;-)


Não posso fechar o mês sem comentar um dilema, uma aparente contradição me atormentou nesse mês, após algumas discussões filosóficas bem interessantes no micro-blog identi.ca: a defesa de RMS à prática de venda de licenças permissivas para software liberado sob copyleft, com argumentos que me pareceram bastante familiares, mas nem por isso menos brilhantes, contrastada com a rejeição da prática de alguns usuários de aceitar e defender, a título de liberdade de escolha, a aceitação de restrições que fazem o software privativo e os usuários vítimas, qualificando essa aceitação, com as consequências que traz, como invasão da liberdade do próximo.

De um lado, parecemos não fazer questão que alguns utilizem seu poder (no caso, direito autoral) para evitar que agressores causem danos a toda a sociedade; de outro, fazemos questão que as vítimas usem seu poder (no caso, o poder de compra) para se levantar contra os agressores para evitar que agressores causem danos a toda a sociedade. Fiquei um tempão procurando razão para a diferença, considerando inclusive as possibilidades de que alguma das duas posições seja incorreta. Esta noite finalmente vi uma luz nessa aparente contradição, mas ainda não estou pronto para documentar minhas conclusões. Provavelmente vou escrever um artigo a respeito. Quem tiver pensamentos para compartilhar a respeito, fique à vontade para usar o espaço de discussão desta postagem no meu blog, mantido gentilmente pela FSFLA em seu site.


Ufa! Foi tanta coisa que já não me surpreende mais que o mês tenha parecido passar voando! Como dizia aquele senhor na propaganda do banco: “Esse Bamerindus!...” E já nem existe mais Bamerindus. Nem a poupança que meu avô abriu lá quando nasci. Aproveitei as férias para transferir para outro banco, depois de descobrir que a agência em que ela ficava também não existia mais. O HSBC só esqueceu de me avisar... Perdeu o cliente.

Um que quase perdeu o cliente foi a NET. Parecia brincadeira. O Virtua e o NET-Fone vinham me atendendo relativamente bem, até o meio do mês. Começou ali um Cai-não-Cai que não aguentei: depois da terceira queda no período de uma semana, justamente em meu horário de trabalho, perdi a paciência depois que dois atendentes desligaram na minha cara pra não me dizer o que é que estava acontecendo na região que estava precisando de tanta manutenção programanda, e quanto é que isso ia acabar e o serviço ia voltar ao normal. Quando voltou o serviço, abri chamado junto à ouvidoria da NET. Acho que era um domingo de madrugada. Detalhe: no sábado, tinham ligado numa pesquisa de opinião da NET para perguntar o que eu estava achando dos serviços. Já manifestei meu descontentamento ali, mas a ouvidoria ouviu (ou, no caso, leu) mais. Retornou na segunda à tarde, estornando a cobrança dos dias sem serviço e prometendo que o problema não ocorreria mais. Ãrrã. Caiu de novo na terça de madrugada. Liguei outra vez, “ganhei” desconto de mais um dia (pra não receber o serviço e não pagar por ele, não precisava de contrato, né?) e cobrei uma explicação, que (surpresa!) não veio. Engraçado como eles fazem manutenções emergenciais programadas (?!?), como substituição de cabos, justamente depois de a ouvidoria dizer que não estava tudo bem. Patético mesmo era o atendente e o sistema de atendimento eletrônico insistirem que minha região continuava sem sinal de Internet e de telefone e que ficaria assim até as 13h, quando eu estava usando o telefone alegadamente sem sinal para fazer a chamada às 3h. Doh! Ah, e claro que essa não foi a última vez que deu problema. Na noite seguinte, mais uma interrupção, mas depois parece que tomaram jeito. Mas juro que vou olhar pras outras opções de Internet Banda Larga da região onde moro.


Ah, e teve outro episódio de relevância para defesa ao consumidor este mês. Em outubro de 2008, comprei um computador portátil da Amazon PC no Submarino. Ingênuo, eu, achando que, tratando-se de fabricante nacional, seria mais fácil exigir ressarcimento pelo sistema operacional vendido casado com o hardware que eu queria, e conseguir eventuais correções de eventuais defeitos encontrados na programação básica do sistema. Tudo ilusão. Vinha cheio de defeitos na BIOS, que inviabilizavam a operação do GNU/Linux na máquina (embora a AmazonPC alegadamente comercializasse o computador também com GNU/Linux pré-instalado).

A máquina ficou, no total, uns 8 meses na autorizada, depois de eu passar um mês anotando os problemas dela e ter tirado de lá umas duas vezes pra ver se conseguia contornar os problemas, e uma última para reunir provas para usar em eventual processo judicial. Tipo, nem a resolução da tela tinha vindo igual ao anúncio!

Os infinitos contatos com o atendimento do Submarino sempre acabavam em conexão interrompida, promessa de retorno que não ocorria, ou exigência de laudo condenatório emitido pela autorizada, cujo dono, meu amigo, dizia que a fábrica o proibia de emitir.

Precisou meu advogado mandar uma carta pra ouvidoria do Submarino, cancelando a compra e exigindo a devolução do valor pago, notificando que entraríamos com processo por crimes contra o consumidor (venda casada, negação de serviço de garantia e falta de prestação de informações a respeito do produto) pedindo não só o dinheiro de volta, mas indenizações por danos morais e outras despesas incorridas, para o Submarino se mexer. A ouvidoria entrou em contato poucos dias antes de a venda completar um ano. Agendou a retirada do equipamento e mandou carta pra operadora do cartão de crédito para estornar a venda, dizendo que o crédito poderia demorar até duas faturas. Chegou a terceira fatura, e nada. A operadora negava ter recebido a carta. A ouvidoria me ouviu de novo, descobriu que a carta foi enviada tarde demais (o limite é 90 dias após a transação, vou fingir que acredito que o Submarino não sabia que mandá-la um ano depois não teria efeito algum), e prometeu fazer um DOC para uma conta à minha escolha, com o valor pago, até o final do mês. E não é que fez, mesmo?

Chato é que, com isso tudo, não consegui, como pretendia, questionar a venda casada e obter ressarcimento somente pela licença do Windows que acompanhava a máquina (pelos preços e pelos termos de garantia, que praticamente vedavam a substituição do sistema, parecia que na verdade era uma máquina que acompanhava um Windows). A máquina era tão problemática que não havia condições de ficar com ela. Mas morri com a despesa dos vários acessórios que comprei pra tentar fazer a máquina funcionar direito, além das horas de trabalho perdidas brigando com a máquina e com os atendentes do Submarino e da AmazonPC. Felizmente, acabou!


Nossa!, já é fevereiro fazem umas 5 horas! Vou ficando por aqui!

Até blogo...