[FSFLA] artículo: Izquierda, software e internet

Adonay Felipe Nogueira adfeno en hyperbola.info
Lun Ago 27 00:12:35 UTC 2018


Em 05/06/2018 10:28, Lucas lmdr escreveu:

> estimadxs,

Olá, desde já peço desculpas pela resposta tardia.

> https://lucaslmdr.github.io/Lucas%20Dom%C3%ADnguez%20Rubio%20-%20izquierda,%20software%20e%20internet.pdf

Interessante teu texto. Trago inclusive alguns adendos:

Esqueceste de mencionar metade das liberdades 1, 2 e 3 do software
livre. Isto inicialmente não é um problema, uma vez que podes pedir para
a publicadora fazer uma atualização do trabalho. Assim, cabe ressaltar
que no tocante à liberdade 1, esta visa permitir o estudo e a adaptação
do trabalho, mas vai muito além disso, devendo permitir que se faça a
reutilização da adaptação feita na mesma unidade consumidora (isto é de
especial importância pois é uma das características que diferencia o
movimento político filosófico do software livre em comparação com os
argumentos do modelo de desenvolvimento de "código-fonte aberto"); já no
tocante às liberdades 2 e 3, além de observarem que deve haver o direito
de compartilhar cópias do trabalho original e de suas adaptações,
respectivamente, estas vão além, pois ditam que deve haver o direito de
comercialização de ambos os tipos de cópias.

Assim, é importante observar que em nenhum momento a filosofia do
software livre se denomina anticapitalista, mas sim como uma mescla do
anarquismo (observado na liberdade 0 e na última metade da 1),
capitalismo (vide parte final de 2 e 3), socialismo e talvez até do
comunismo. Isso não exime, logicamente, alguns dos atores/participantes
em específico de se posicionarem em favor de um ou outro destes sistemas.

Pode-se dizer que a filosofia do software livre busca — conforme a
teoria das capacidades na área da filosofia política — permitir que o
*consumidor final* tenha sempre controle sobre seu ambiente material. Em
paralelo e consequente a isto, observa-se então a capacidade de
contribuir ainda para o desenvolvimento da economia local.

Interessantemente, há ainda argumentação teórico econômica que explica a
importância do movimento e da filosofia do software livre. Em ênfase,
"econômica" aqui não se confunde com o estudo de  aspectos meramente
relacionados ao acúmulo de riquezas, haja visto que isso seria
cromatística. Assim, tal argumentação usa das características dos dados
funcionais (objeto de importância do movimento em discussão, muito além
do software) de serem bens não excluíveis, não rivais, frutos e fontes
do conhecimento e da informação, e que se manifestam em meio digital,
logicamente. Em continuidade, sob tal argumentação nota-se que tais bens
econômicos sofrem degradação de valor em cenários muito competitivos
onde há desbalanço dos participantes quanto às suas permissões com tal
bem ou quando existem poucos participantes e, sendo assim, estes bens
não sofrem com o excesso de participantes (assume-se colaborativos). A
situação descrita nos cenários competitivos é referida como "tragédia
dos anticomuns" (tragedy of the anticommons).

Estes e outros pontos sobre a importância da filosofia do software livre
podes encontrar inclusive em meu trabalho de conclusão de curso de
Bacharelado em Administração, cujo .pdf está disponível temporariamente
em
http://adfeno.mooo.com:8080/P%C3%BAblico/Trabalho_sobre_gestao_universitaria.pdf
e os arquivos-fonte em
https://notabug.org/adfeno/Trabalho_sobre_gestao_universitaria .
Inclusive, conforme consta nas primeiras páginas do trabalho, este pode
ser legalmente estudado, adaptado, compartilhado e comercializado.

Recentemente houve ainda mais uma conversa entre Eben Moglen e Yochai
Benkler
(https://downloads.softwarefreedom.org/2017/conference/0-keynote.webm,
licenciado sob CC BY-SA 3.0 US segundo o rodapé em
https://softwarefreedom.org/events/2017/conference/video/ ). Observando
tal referência, até onde *eu* entendi, o desafio agora é, sabendo que
"as informações/coisas ainda fluem" mas que os agentes maiores sabem
como moldar o fluxo, penso *eu* que a saída para esse controle
unilateral seja um conjunto entre a capacitação, a autogestão, o fomento
do desenvolvimento da economia e da comunidade locais, e alguma
estratégia para fazer os envolvidos respeitarem padrões de comunicação e
interoperabilidade (de preferência reconhecidos internacionalmente por
vários órgãos).

Acho inclusive muito interessante a menção dos impactos da ideologia
californiano. Vi breve menção a ela em uma outra publicação (
http://baixacultura.org/os-20-anos-da-ideologia-californiana/ ),
ideologia tal que, até onde entendi, resulta na despolitização da
tecnologia, como se esta fosse perfeita por si só e capaz de resolver
tudo sem precisar de regulação para dirimir possível desigualdade dos
agentes envolvidos.

Sobre os envolvidos no projeto En Defensa del Software Libre, não sei se
são homônimos ou se realmente estamos falando do mesmo grupo, mas há um
tempo atrás fiquei sabendo de um grupo que fazia parte do movimento
copyfarleft, tal movimento chegou inclusive a fazer uma subclassificação
das licenças que seriam aceitas por eles dentre as que são aceitas pela
FSF e pela Creative Commons. Até onde me lembro todas as licenças das
duas listas foram reprovadas, sendo que apenas a Peer Production License
(https://directory.fsf.org/wiki/License:PPL) fora aceita como
copyfarleft. Porém, é importante notar que ela não deve ser usada para
dados funcionais pois não resulta em um trabalho livre (conforme
explicado em https://www.gnu.org/licenses/license-list.html#PPL), nem se
quer copyleft (até onde entendo tal conceito).

Finalmente, desde já espero ter contribuído com alguns pontos.


Respeitosamente, Adonay

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