copyleft da GPLv2 não é efetivo para aplicações web.

[Felipe Sanches]

Boa noite,

O copyleft não é necessário para um software ser considerado livre.
Mas foi adotado na GPL como mecanismo estratégico para impedir que as
4 liberdades fundamentais sejam restringidas. Entretanto, a forma como
o conceito de copyleft é implementado na GPLv2 não se adequa à
plataforma de aplicações web por causa do critério que obriga a
disponibilização dos fontes ser a distribuição do binário. Por nesses
casos não ser necessária a distribuição do binário para que haja
acesso à aplicação, surge um mecanismo de cerceamento do acesso ao
código fonte. Aplicações web livres licenciadas em GPL (como o
mediawiki por exemplo) podem ter versões derivadas onde o usuário da
aplicação não tem acesso ao código. A simples existência dessa
possibilidade (que sabemos que é fortemente explorada em sites como
youtube, e outros muitos) já indica um caráter não-copyleft da
licença.

Isto mostra como é falho vincular copyleft a distribuição do binário.
Esta forma de implementar copyleft só é efetiva no caso de aplicações
de ambiente desktop que são um caso degenerado de aplicação onde
acesso ao binário é sinônimo de acesso à aplicação.

No caso web, o mais adequado seria definir algum critério como, por
exemplo, acesso à aplicação web: se um site é acessível apenas dentro
de uma rede local, então existiria a obrigação de se distribuir o
código do site para todos os usuários desta rede interna.

A licença GPLv2 só manifesta sua caracteristica copyleft em softwares
não-web. Para aplicações web a GPLv2 se comporta de forma similar à
BSD tolerando aplicações web proprietárias derivadas. Por assumir este
comportamento, acredito que a inclusão de um critério forte de
"copyleft para web" seria importante na GPLv3 para adequar-se à
postura política da FSF quanto à forma incentivada de licenciamento,
não bastando apenas compatibilizar com a Affero, mas sendo necessário
tornar obrigatório este "copyleft para web".

Felipe "Juca" Sanches