pages tagged microsoftFSFLAhttp://www.fsfla.org/ikiwiki/tag/microsoft.htmlFSFLAikiwiki2019-08-18T16:05:37Z2007-12-20-classmate-olpc.pthttp://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-12-20-classmate-olpc.pt.html2007-12-20T15:56:45Z2007-12-20T15:56:45Z
<p>Putz... Escrevi um
[[http://br-linux.org/linux/no-brasil-xo-e-o-laptop-de-us-420#comment-77309|comentário
no BR-[GNU/]Linux]] que ficou completamente fora de contexto, eu
claramente estava pensando em alguma outra notícia quando escrevi o
comentário acima, a respeito do Classmate.</p>
<p>Então, deixa eu contextualizar:</p>
<p>O X0 foi projetado, desde o início, para ser uma máquina
revolucionária em vários níveis. Uma das revoluções é justamente
projetar um computador sem se preocupar se vai dar pra rodar Windows
nele; pelo contrário, o projeto está todo focado na habilidade de
rodar Software Livre suficiente para propósitos educacionais e de
comunicação. Não faz nem sentido pensar em educação com software
proprietário, que artificialmente limita o que você pode querer
aprender.</p>
<p>Demonstração dessa prioridade é o quanto a Microsoft vem se batendo
pra conseguir fazer um port de um sistema já antigo funcionar no X0.
Tem um pouquinho mais de detalhe sobre isso no meu blog:<br />
<a href="http://fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/2007-11-03-viagens-de-outubro">http://fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/2007-11-03-viagens-de-outubro</a></p>
<p>Já o Classmate claramente foi projetado não só em reação ao X0, mas
como manutenção do status-quo. Não só a máquina foi projetada nos
moldes de notebooks tradicionais, que rodavam Windows, mas também ser
capaz de rodar Windows era um requisito de projeto. Quer evidência
maior disso que alguém da Intel me oferecer um desses notebooks, "pra
eu verificar que ele roda Software Livre direitinho", mas, me
conhecendo, avisar-me de que eu "não ia gostar do que vem instalado
nele"?</p>
<p>Agora, considerando as táticas de batalha em múltiplas frentes que a
Microsoft tem empregado no estabelecimento do OOXML, só pra citar um
dos muitos exemplos conhecidos, não é difícil imaginar que a Microsoft
tenha percebido o tamanho da ameaça a longo prazo constituída pela
mera possibilidade de o X0 dar certo. Então, ela começa a trabalhar
em várias frentes: primeiro, pressionar os projetistas do X0 para
modificar o projeto de forma a viabilizar a execução de MS-Windows.
Segundo, mobilizar outros fabricantes para rapidamente colocar no
mercado produtos "similares", para impedir o avanço do X0.</p>
<p>Uma parceria das gigantes Intel e Microsoft nesse sentido é
praticamente óbvia, considerando que o X0 vem com processador da AMD,
concorrente ferrenha da Intel, e com GNU/Linux, concorrente ferrenho
da Microsoft. Depois, com o notebook pronto pra rodar Windows, não
custava muito mais adaptar um GNU/Linux qualquer pra rodar nele pra
poder entrar numa licitação que exigisse Software Livre, e ainda abre
espaço pra futuras denúncias de pirataria, por instalação de cópias
não autorizadas de MS-Windows, talvez até em máquinas roubadas dos
estudantes que deveriam ser beneficiados pelo projeto.</p>
<p>Provas, só tenho de que a Microsoft usou táticas deploráveis em outras
batalhas, e de que ela pressionou barbaridade o pessoal do OLPC pra
dar um jeito de empurrar a opção Windows ali, e governos que adotaram
os novos concorrentes do OLPC a usar seu sistema operacional em vez de
Software Livre. Nada conclusivo para comprovar a ação direta da
Microsoft junto aos outros fabricantes, por certo, mas elementos
suficientes para eu apostar que há, sim, envolvimento da Microsoft na
coisa toda. Ela não é boba e não dorme no ponto.</p>
<p>Até blogo...</p>
2007-12-13-ieee-censorship.enhttp://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-12-13-ieee-censorship.en.html2008-03-03T17:31:31Z2007-12-13T16:37:19Z
<p>See <a href="http://www.fsfla.org/ikiwiki/tag/microsoft.html#1">the update below</a></p>
<p>To: <a href="mailto:ombudsman@ieee.org">ombudsman@ieee.org</a><br />
Subject: Censorship in Latin America community web site?</p>
<p>Hi,</p>
<p>I've been watching a discussion that is very relevant to my work as a
technologist concerned with ethics, morals and society, and yesterday
I noticed that it was wiped out from the
<a href="https://www.ieeecommunities.org/latinoamerica">https://www.ieeecommunities.org/latinoamerica</a> web site.</p>
<p>The discussion had caught my attention with this headline:</p>
<blockquote><p>TEMA: Dec 8, 2007 @ 11:27 AM<br />
Prácticas monopólicas de Microsoft en México 2003-2007<br />
Estimados colegas sirva este espacio para convocar a los miembros de
la comunidad IEEE R9 a colaborar en el tema de prácticas
monopólicas. Como es bien sabido por todos ust...</p></blockquote>
<p><a href="https://www.ieeecommunities.org/latinoamerica?go=1690195">https://www.ieeecommunities.org/latinoamerica?go=1690195</a></p>
<p>Yesterday, when I opened the URL above to see whether there was
anything new, I got this error:</p>
<blockquote><p>Unavailable Content</p>
<p>Sorry, the content requested is not available. It has either been
removed or you do not have sufficient permissions to access it.</p></blockquote>
<p>Since I had sufficient permissions just the day before, it's quite
clear to me that it was removed. Since it's about Microsoft's
monopolies in Mexico, I'm highly concerned that this has Microsoft's
strong hand in it.</p>
<p>I already get very little benefit from my IEEE membership, but I've
historically renewed membership because I thought I was supporting a
good cause. If IEEE will bend over to Microsoft like that, I'd rather
not renew my membership, and let others know they shouldn't do it, for
I don't feel like supporting censorship and unethical monopolies.</p>
<p>I can't find any contact information for people who run that site, so
I'm resorting to you. Thanks in advance for looking into this,</p>
<p>[URL of this posting and personal signature snipped.]</p>
<p>So blong...</p>
<p><a name="1"></a></p>
<h1>Updated 2007-12-13 22:37 UTC</h1>
<p>Here's what Andres Castelblanco was sent in response about this issue,
with copy to myself and others:</p>
<p>I'm Aaron Benitez, Founder and Administrator of the IEEE Online
Community for Latin America and The Caribbean (Region 9, R9).</p>
<p>First of all, I thank you very much for addressing this concern to my
attention. I have answers to all of your questions regarding this
issue:</p>
<p>1) The IEEE R9 Online Community is aimed to:</p>
<ul>
<li>Support Region 9 committees, councils, sections, chapters and
branches' activities.</li>
<li>Release volunteers from excessive paperwork load.</li>
<li>Increase collaboration among chapters and branches of any technical
society with presence in our region.</li>
<li>Provide information to our members about the activities of the
Institute in our area.</li>
</ul>
<p>This is detailed on the welcome page of
www.ieeecommunities.org/latinoamerica . As you all can see, it is not
our goal to provide a forum for TECHNICAL MATTERS that IEEE Societies
already cover.</p>
<p>2) The discussion was removed by its creator, Ignacio Castillo, who
based his decision on the considerations above that I provided him
with. It was not me nor anyone else the ones that deleted this
content.</p>
<p>3) IEEE Region 9 does not censor. I am also a member of the IEEE
Computer Society's Chapters Activities Board and I am perfectly aware
of many of the IEEE - Microsoft agreements that currently exist. There
is no way MS could make us censor anything. It's not part of our Code
of Ethics.</p>
<p>4) I strongly demand to the person in charge of
<a href="http://fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/2007-12-13-ieee-censorship.en.html">http://fsfla.org/svnwiki/blogs/lxo/2007-12-13-ieee-censorship.en.html</a>
to update his blog with this information. If not done so, THAT would
be censorship. I tried to post this as a comment in there but it was
not possible.</p>
<p>5) I've run the R9 Community for two years now and this is the first
time someone suggest that there can be censorship. Therefore my
interest in giving an explanation is more than clear.</p>
<p>I thank you all for your attention,</p>
<ul>
<li>Aarón</li>
</ul>
<p><br /></p>
<p>Aarón, here are my considerations about your posting:</p>
<p>1) I don't know of any IEEE Societies in charge of technical <img src="http://www.fsfla.org/ikiwiki/smileys/question.png" alt="(?)" />
matters such as Microsoft's monopolies. It doesn't even seem to be a
technical matter to me, but rather a political and social (Update 2:
ethical and economic too) issue. I'd be happy to be pointed at the
IEEE discussion spaces where discussions like this are welcome, but I
don't quite see that this is out of line with many other discussions
that take place in that web site.</p>
<p>2) I apologize for assuming the discussion was removed against
Ignacio's will. Thanks for confirming it was you who initiated the
process of getting it removed, by talking to him about it. It's quite
unfortunate that he could unilaterally make the decision of removing
all the discussion that had taken place, including others' postings.
This is quite supportive of censorship, in case a discussion goes in a
direction different from the outcome expected by its initiator.</p>
<p>3) That's very comforting, thanks.</p>
<p>4) Done. I can't see in our logs any indication that any attempt was
made to post anything in the discussion portion of this message,
although I see that the discussion page was opened. I can see other
discussion posts in other messages made today, so I'm clueless as to
why it failed for you. What error did you get?</p>
<p>5) Well done, thanks.</p>
<p>So blong...</p>
<p><a name="2"></a></p>
<h1>Updated 2007-12-13 23:40 UTC</h1>
<p>I guess the point in 2) isn't quite clear, so let me try to help
people connect the dots. So, Aarón suggested Ignacio to remove the
discussion in which many people were involved, and he went for it,
leaving no traces whatsoever not only of his own postings, but also of
postings by others.</p>
<p>Now, it is possible that other active participants in the discussion
were contacted and agreed with the removal, but did this actually
happen? If not, I still regard the removal as censorship.</p>
<p>I guess we could just clear it all up by restoring that discussion,
with a pointer to this conversation and a suggestion that the
discussion continues here. Or perhaps someone kept a copy of the
discussion (I was too naïve to do it myself) and we could post it all
here...</p>
<p>Anyone?</p>
<p><a name="3"></a></p>
<h1>Updated 2008-03-03 16:20 UTC</h1>
<p>After a few weeks waiting for approval of my membership to the much
smaller in spite of not being a regional group IEEE Social
Implications of Technology forum (370 members vs 2374 in the Latin
American forum), I could finally get in (several weeks ago, actually,
but I didn't report back before, sorry) and see that the
<a href="https://www.ieeecommunities.org/content?go=1720728&cid=166396">discussion</a>
hadn't gone much further.</p>
<p>IIRC Ignacio sent me the contents of the discussion, but I've been far
too busy to convert it to something that I could easily publish here.</p>
<p>Oh well...</p>
<p>So blong...</p>
2007-12-05-divergencia-digital.pthttp://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-12-05-divergencia-digital.pt.html2007-12-10T06:04:11Z2007-12-05T13:59:32Z
<p><a href="http://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-12-03-divergencia-digital.pt.html">Continuando...</a></p>
<p><a href="http://www.convergenciadigital.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=11285&sid=13">
Agradeço ao Queiroz pela transparência.</a></p>
<p>Deixa eu esclarecer o que pelo jeito não ficou claro.</p>
<p>Como é que alguém pode achar iguais as seguintes situações:</p>
<ul>
<li><p>um monopolista interfere numa licitação para garantir que o
resultado seja em seu benefício, excluindo toda e qualquer
possibilidade de competição; (coisa que o Sérgio Amadeu deplorava, e
com razão)</p></li>
<li><p>um potencial concorrente interfere numa licitação para garantir a
concorrência e, talvez, se demonstrar a necessária competência técnica
e oferecer as condições mais vantajosas para o administrador público,
pode obter o contrato (coisa que você sugere que Fernando Cabral
esteja fazendo).</p></li>
</ul>
<p>Não conheço Fernando Cabral, não conheço suas motivações, não sei se
ele está nessa pela ideologia, pelo dinheiro ou pelos dois. Mas,
independente das intenções dele, restaurar a competição nas licitações
públicas não tem como ser errado.</p>
<p>Até blogo...</p>
2007-12-03-divergencia-digital.pthttp://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-12-03-divergencia-digital.pt.html2007-12-06T02:19:16Z2007-12-03T17:36:31Z
<p><a href="http://www.convergenciadigital.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=13">
Pô, Queiroz</a>... Sei que a entrada de capital não digital (real$?) tá
difícil, os anunciantes são escassos, e tal, mas... convém pensar um
pouco mais antes de apresentar uma
<a href="http://www.convergenciadigital.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=11256&sid=13">
suspeita que não faz nem sentido</a>, uma vez devidamente analisada.</p>
<p>(Sobre os anunciantes, é brincadeirinha, não seria certo começar a
desbancar uma acusação leviana com outra, né? Até porque
desqualificar o mensageiro, seja ele Luiz Queiroz ou Fernando Cabral,
não desqualifica sua mensagem, por isso mesmo
<a href="http://criticanarede.com/subject.htm">Ad Hominem</a> é nome de
<a href="http://criticanarede.com/falacias.htm">falácia</a> <img src="http://www.fsfla.org/ikiwiki/smileys/smile.png" alt=":-)" /></p>
<p>Deixa eu explicar, pra quem não sabe do que se trata. A Receita
Federal está tentando fazer avançar uma licitação para compra de 44
mil licenças de Microsoft Office, ao invés de rever a licitação e
abri-la para real concorrência. Detalhe: licitação pra ver qual de
suas revendas a Microsoft escolhe pra ganhar não é concorrência.</p>
<p>Agora, sugerir que o sujeito encarregado de emitir um parecer está
defendendo interesse próprio é não entender o propósito de licitação
nem a dinâmica do mercado de Software Livre.</p>
<p>Primeiro, vamos ver o mérito da questão. Se o sujeito de fato tem uma
empresa e ela tem condições de fornecer uma solução para o problema
que a Receita Federal quer resolver, então a exclusão dessa empresa (e
tantas outras similares) do processo licitatório sem uma excelente
razão é por si só irregular. E, se a empresa dele não consegue
resolver o problema, o próprio processo licitatório se encarregará de
deixá-la para trás.</p>
<p>Quem tem medo da concorrência legítima, a ponto de forçar a barra para
excluí-la?</p>
<p>Segundo, o texto sugere que o sujeito esteja operando em defesa dos
interesses de toda a classe de "revendas Linux". Já começa errado,
porque Software Livre normalmente não se vende; cobra-se por serviços
prestados. A lógica é outra, e a construção do argumento já dá fortes
sinais sobre onde a notícia foi plantada.</p>
<p>Fica pior quando se percebe que a lógica da defesa da classe é
aplicável no caso de produtos Microsoft, pois toda a sua rede de
distribuidores faz pouco mais que coletar os royalties e encaminhá-los
ao fornecedor único, justificando tanto lobby para convencer e
corromper a máquina pública.</p>
<p>Mas não faz sentido no caso do Software Livre: o dinheiro não vai
parar todo no mesmo lugar, é concorrência de verdade. Cada fornecedor
tenta maximizar suas conquistas, sem obrigação de dividir seus
resultados financeiros com mais ninguém. Cooperam para desenvolver
software, porque assim cada um recebe dos demais contribuições muito
maiores do que seria capaz de produzir e contribuir sozinho (todos
saem ganhando), e competem nos serviços oferecidos sobre ele (cada um
ganha um pouco mais).</p>
<p>Outra confusão imensa nas sugestões descabidas e impertinentes é a de
que isso tenha qualquer coisa a ver com Linux. A licitação não é
sobre trocar o núcleo do sistema operacional usado na Receita Federal.
Nem sobre o sistema operacional GNU, <a href="http://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-07-19-gnu+linux.pt.html">que muitos
chamam erradamente de Linux</a>. Nem mesmo sobre Software Livre, que
muita gente também confunde com Linux.</p>
<p>O tema do debate é justamente a exclusão artificial, arbitrária e
irregular de fornecedores de serviços sobre suítes de escritório que
são perfeitamente capazes de atender às necessidades da Receita
Federal, e que ainda evitariam os custos de longo prazo do
aprisionamento dos dados que pertencem ao público brasileiro e estão a
cargo da Receita Federal. Mencionar um núcleo de sistema operacional
Livre neste debate é uma tentativa de confundir.</p>
<p>Fazer parecer que as mesmas empresas que oferecem serviços sobre
sistemas operacionais Livres necessariamente os oferecem também sobre
suítes de escritório é uma confusão compreensível, mas errada. O fato
de uma mesma empresa monopolizar tanto o mercado de sistemas
operacionais quanto o de suítes de escritório é uma distorção, criada
através da exploração inteligente do primeiro desses dois monopólios,
mas não amarra as duas coisas.</p>
<p>Computadores e sistemas operacionais são às vezes vendidos sem suítes
de escritório, ou com suítes de escritório de fornecedores diferentes
do sistema operacional. Embora praticamente qualquer distribuição
GNU+Linux inclua uma ou mais suítes de escritório (assim como vários
computadores vendidos com MS-Windows incluem o MS-Office), nada impede
o usuário de instalar e usar outra que não esteja no pacote original.</p>
<p>E, surpresa, a mesma idéia funciona no MS-Windows: se você não quer
gravar seus arquivos em formatos que só a Microsoft sabe direitinho
como decodificar, ou que só a Microsoft tem patentes e licenças de
patentes de terceiros para decodificar, pode instalar agora mesmo o
<a href="http://broffice.org">BROffice.org</a> ou qualquer outra implementação
do Padrão Aberto Livre Internacional ODF (ISO 26300:2006).</p>
<p>Sim, BROffice.org tem versão pra MS-Windows. Sim, ele também abre e
grava arquivos nos formatos do Microsoft Office. Sim, você pode até
baixar de graça se quiser. Sim, você também pode escolher contratar
serviços sobre ele, mesmo se o tiver obtido gratuitamente. Não, não
precisa contratar os serviços de alguém que esteja envolvido em seu
desenvolvimento: você pode escolher livremente quem você quiser para
prestar esses serviços. Pode até prestá-los você mesmo, se preferir.</p>
<p>É aí que fica evidente a fonte das suspeitas levantadas. Ao contrário
do Microsoft Office, que de fato tem fornecedor único e muito
preocupado em, digamos, preservar sua receita ;-), as suítes de
escritório Livres são resultado dos esforços de muitos
desenvolvedores, empresas e voluntários.</p>
<p>Não permitir a participação desse software na licitação é acabar com a
concorrência e anunciar antecipadamente onde vai parar o dinheiro da
compra, mesmo que seja impossível prever qual dos distribuidores
intermediários vai intermediar a transação desta vez e quais outros
vão apenas participar do teatrinho.</p>
<p>Permitir a participação desse software na licitação pode até conferir
à empresa do levianamente acusado alguma chance de ganhar a licitação,
mas só vai ganhá-la se tiver o mérito, porque, assim como sua empresa,
muitas outras vão poder participar, e aí vai de fato haver competição.
Vale lembrar que qualquer um, inclusive a própria Microsoft, pode
oferecer soluções baseadas no BROffice.org e outras implementações
Livres de ODF. De novo, quem tem medo da concorrência legítima? E do
Livre Mercado?</p>
<p>Queiroz, uma sugestão pra você, de alguém que tem experiência no
desenvolvimento colaborativo de Software Livre: verifique fontes
cuidadosamente e leia as linhas e entrelinhas do que você recebe antes
de usar ou passar adiante. Isso vale para jornalismo responsável
também <img src="http://www.fsfla.org/ikiwiki/smileys/smile4.png" alt=";-)" /></p>
<p>Até blogo...</p>
<p><a href="http://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-12-05-divergencia-digital.pt.html">Veja também.</a></p>
2007-11-03-viagens-de-outubro.pthttp://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-11-03-viagens-de-outubro.pt.html2007-11-04T01:16:41Z2007-11-04T01:16:41Z
<p>Nossa! Outubro já acabou! Como o tempo voa! Esse Bamerindus... (Se
você não for da minha geração, explico: tinha um barbudo que ficou
conhecido em propagandas de banco, inicialmente dizendo "Ah! Esse
Bamerindus" e uma musiquinha de outra propaganda da mesma época que
dizia "O tempo passa, o tempo voa e a Poupança Bamerindus continua
numa boa!" E pensar que já nem existe mais Bamerindus...)</p>
<p>Além de investir um tempão organizando uma "turnê" do nosso mestre
Richard Stallman pelo Brasil agora em novembro (Foz do Iguaçu, no
Latinoware, dia 14; Salvador, dia 16; Brasília, no SERPRO e talvez
também no Music Hall, dia 19; Salvador, de novo, dia 20 e São Paulo,
na USP, provavelmente na EACH, dia 21), tive duas viagens no mês
passado.</p>
<p>Logo no início do mês, fui ao Rio de Janeiro participar do
<a href="http://www.forumsoftwarelivre.org.br/">Fórum de Software Livre do Rio
de Janeiro</a>.</p>
<p>Na segunda metade do mês, fui ao Peru e ao Canadá. Nem devia
mencionar quanto trabalho deu pra obter os vistos pro Canadá e pros
EUA, onde eu ia fazer conexão. Por causa da greve dos correios, do
alto movimento no consulado dos EUA (muuuu! <img src="http://www.fsfla.org/ikiwiki/smileys/smile.png" alt=":-)" /> e de feriados lá e
aqui, ainda que eu tenha iniciado o processo todo com folga de duas
semanas, só recebi meu passaporte de volta 3 horas antes de minha
partida. Ufa! Foi por pouco!</p>
<p>Fui ao Canadá para uma reunião da Red Hat, sobre a qual não faz
sentido eu falar muito aqui. Já no Peru, participei de duas
conferências organizadas na Universidad San Martín de Porres: a
<a href="http://www.usmp.edu.pe/convencion2007/">Convención Visión 2007</a> e a
<a href="http://www.usmp.edu.pe/fosd/">./Freedom and Open Source Day</a>.</p>
<p>As palestras a que assisti foram ótimas, fiquei bem satisfeito com o
resultado nas minhas e tive conversas muito interessantes com Ken
Coar, da OSI; Jim Gettys, da Fundação OLPC; José Gouveia do LPI; os
organizadores que nos fizeram companhia todos os dias: Hernán Pachas e
Carla Palomino; e várias outras pessoas que minha péssima memória não
me permite citar.</p>
<p>Ainda que as conferências tenham sido bem proveitosas, o ponto alto da
estada no Peru foi a visita a Arahuay, uma cidadezinha de 450
habitantes no meio da serra peruana onde o projeto piloto do OLPC foi
conduzido naquele país.</p>
<p>De Lima até Arahuay, percorremos uma estradinha asfaltada com uma
pista em cada sentido durante cerca de duas horas. Depois disso,
foram mais duas horas serpenteando numa estrada de terra beirando
montanhas, com largura média suficiente para passar pouco mais que um
carro. Ocasionalmente, havia espaço para dois carros passarem um em
cada sentido, ou para o carro passar ao lado de pedestres, que muitas
vezes conduziam animais. As
<a href="http://www.lsd.ic.unicamp.br/~oliva/images/pictures/2007-OLPC-Arahuay-Peru/">fotos
que Jim e eu tiramos</a> provavelmente dão uma boa idéia da paisagem e
da viagem. Se você aceita as condições de uso do Google Maps,
<a href="http://maps.google.com/maps?f=q&hl=en&geocode=&time=&date=&ttype=&q=arahuay,+peru&sll=-11.582288,-75.19043&sspn=3.992157,5.581055&ie=UTF8&ll=-11.716788,-76.15448&spn=1.995403,2.790527&t=h&z=9&iwloc=addr&om=1">este
mapa</a> pode dar uma idéia da distância e do caminho percorrido.</p>
<p>Chegamos mais tarde que o esperado. Era uma semana de festividades e
algumas crianças já tinham ido pra casa. De fato, em nossa chegada,
deu pra ver, do pátio da escola, a cidade inteira, montanha acima, e
uma das alunas indo pra casa carregando seu notebook branco e verde.
A emoção começou ali. Felizmente, as professoras e muitas das
crianças estavam nos esperando para conversar sobre o OLPC, ainda que
já houvesse passado bastante da hora do almoço.</p>
<p>Fomos levados a uma sala de aula, onde as crianças que ainda estavam
por ali nos aguardavam, cada uma com seu notebook. Eu já tinha visto
as maquininhas funcionando, mas nunca as tinha visto nas mãos de
crianças. Foi lindo ver a destreza com que as crianças usavam os
vários recursos da máquina: o navegador da Internet, a câmera, os
vários jogos e brinquedos musicais, e sua vontade de mostrar para nós
como sabiam usá-las. Eu mesmo, não iniciado na interface Sugar,
recebi orientação de várias delas sobre como elas faziam cada uma das
coisas.</p>
<p>Quando coloquei em perspectiva o que estava acontecendo ali e entendi
que aquelas pessoas, antes praticamente isoladas de nossa comunidade
global, através daquela ferramenta de ensino, ganhavam a liberdade de
aprender tanto quanto quisessem sobre nossa comunidade e decidir se
queriam fazer parte dela ou não. Ganhavam a liberdade de buscar
informação em qualquer lugar do mundo, ao invés de ficarem limitados
ao conhecimento transmitido pelos professores e pelos livros adotados
na escola e os disponíveis na pequena biblioteca. Ou pelo pouco de
televisão disponível em algumas casas na metade da cidade que tinha
energia elétrica.</p>
<p>Quando comecei a desenvolver Software Livre, no início dos anos 1990,
eu já entendia que a intenção era libertar as pessoas. Mas o OLPC
eleva isso para um nível completamente diferente, um nível que eu
nunca havia sequer imaginado. Foi um momento inesquecível, muito
emocionante.</p>
<p>E olha que as crianças ainda trabalhavam com um protótipo antigo do
OLPC (B2, se não me engano), com menos memória, mais lento e com muito
menos funcionalidades que a versão final (ou quase) que elas tiveram
oportunidade de experimentar durante e depois de nossa visita. O
software que elas usavam ainda não tinha a maior parte das ferramentas
para compartilhamento de atividades e informação e trabalho em equipe,
nem o ambiente de introdução à programação presente na última versão.
Não é à toa que elas ficaram animadíssimas explorando a versão mais
nova.</p>
<p>Na reunião com as professoras, foi gratificante ver o quanto o
propósito educacional das máquinas era satisfeito. As crianças
estavam mais independentes, tinham se interessado muito mais em
aprender outras línguas, aprender sobre geografia, sobre onde no mundo
elas estavam e como podiam buscar a informação que quisessem.</p>
<p>Foi um momento particularmente especial ler, lá em Arahuay, num
daqueles laptops, a notícia então recém-publicada, que chegou a nós
através do acesso à Internet instalado na cidade para o piloto OLPC,
de que a comissão de orçamento do congresso peruano havia acabado de
aprovar a verba para a efetivação do projeto OLPC em todo o país já a
partir do ano que vem. Parabéns!</p>
<p>Enquanto isso, a gente fica aqui se enganando com testes de
alternativas "made in Brazil" (ahã, sei; é daí que vem a expressão
"valor <strong>agregado</strong>", né?), meros notebooks de capacidade de
processamento limitada, sem qualquer planejamento ou intenção de
resolver os vários problemas técnicos e educacionais que o OLPC tanto
trabalhou para resolver:</p>
<ul>
<li><p>como fazer a bateria do computador durar quase um dia inteiro
(desligar tudo menos a tela e a rede quando tudo que se está fazendo é
ler, por exemplo), pra criança não precisar estar presa a um ponto de
energia o tempo todo (poucas escolas têm rede elétrica preparada para
a carga de um computador por aluno em uso permanente; muitas nem têm
pontos de energia elétrica em todas as salas!);</p></li>
<li><p>como fazer a bateria do computador durar tanto quanto a vida útil do
computador (sabe como bateria de notebook estraga depressa e é cara
pra substituir, né?), mesmo sendo carregada a intervalos irregulares
com energia elétrica não estabilizada (baterias de íons de Lítio são
tóxicas, explosivas e muito ineficientes se carregadas em tensões
minimamente diferentes da especificação);</p></li>
<li><p>como tornar a tela legível mesmo à luz do sol (nova tecnologia
reflexiva);</p></li>
<li><p>como tornar o acesso à internet da escola disponível para os alunos
quando estiverem fazendo a tarefa de casa em casa ou na biblioteca
(rede Mesh, ao invés de estruturada), sozinhos ou em equipe
(ferramentas de compartilhamento e trabalho conjunto);</p></li>
<li><p>como permitir à criança levar o computador para casa sem que ela
corra grande risco de violência ou roubo (aparência e tamanho de
brinquedo, facilmente reconhecível; disponibilidade para todo o
público alvo numa região; software e chaves eletrônicas anti-roubo,
que dificultam, mas não proíbem, a instalação de boot loaders e
kernels alternativos; capacidade suficiente para rodar o software
educacional desenvolvido para ele, mas inútil para potenciais
compradores que gostariam de rodar o sistema operacional monopolista
dominante).</p></li>
</ul>
<p>Este último ponto é particularmente importante. Embora a empresa do
tio Bill esteja trabalhando duro pra tentar fazer o laptop rodar
alguma versão deficiente do Windows XP, o prognóstico não é bom para
ela, mesmo depois da adição da interface para expansão através de
memória SD ao projeto do hardware. Há quem diga que o cartão de
memória SD entrou para permitir rodar Windows, mas na verdade já fazia
sentido incluir uma possibilidade de expansão futura, uma vez que o
equipamento é feito para durar uns 5 anos e a memória pré-instalada é
soldada na placa mãe. Durante sua vida útil, cartões SD provavelmente
vão se baratear muito, e software provavelmente vai continuar
crescendo.</p>
<p>Mas rodar Windows XP nessas máquinas vai exigir muitíssimo esforço de
seus desenvolvedores. Ao contrário da versão embedded do Windows, o
XP foi projetado para rodar em PCs convencionais. O OLPC não é um PC
convencional, embora pareça muito com um e use um processador que
poderia ser usado para construir um PC. Muita da infra-estrutura de
inicialização, boot, BIOS, ACPI e controle básico de periféricos é
diferente, em função de limitações de custo, capacidade de memória,
custo, capacidade de processamento, custo e... já mencionei custo?
Se a máquina é feita pra rodar primariamente GNU/Linux, e ele funciona
perfeitamente bem sem o monte de lixo que os outros fabricantes têm
que pôr em PCs convencionais para satisfazer o monopólio do qual ainda
depende a maior parte de suas vendas, que sentido faria o OLPC gastar
tempo e dinheiro projetando esse lixo pra sua máquina? Se alguém quer
rodar um sistema que depende dessas coisas, que invista os recursos e
faça funcionar. Vou esperar sentado! ... que não aconteça <img src="http://www.fsfla.org/ikiwiki/smileys/smile4.png" alt=";-)" /></p>
<p>E, veja, não estou falando nem da opção pelo Software Livre do projeto
OLPC, estou falando de projeto de sistema como um todo. O OLPC é uma
ferramenta educacional, projetada para esse fim a nível de hardware,
software, interface e material didático, com todas as preocupações que
mencionei acima e tantas outras que me escapam à memória ou que
simplesmente desconheço. É claro que é possível rodar o software do
OLPC para rodar em outros computadores, mas vai deixar a desejar em
diversos aspectos. É claro que também é possível adaptar laptops
convencionais para atender a alguns dos requisitos mínimos de um
laptop educacional para crianças, mas aí são outros aspectos que
deixam a desejar. Para alcançar algo próximo do ótimo em termos tanto
de benefício quanto de custo, precisa trabalhar de maneira integrada
nos vários níveis. Não dá pra simplesmente pegar uma coleção de
softwares de prateleira, uma coleção de componentes de hardware de
prateleira, misturar num caldeirão, levar ao forno e esperar dourar.
De fato, a característica da fundação OLPC, de não visar o lucro, é um
fator importantíssimo para garantir o custo mínimo e a quase ausência
de dependências monopolísticas, das quais sofrem <em>todos</em> os outros
projetos que disputam esse nicho. Ou deveria eu dizer, que buscam
explorar esse filão dourado?</p>
<p>Infelizmente, o OLPC não é imune aos monopólios. Mesmo buscando
diversidade (coopera com desenvolvedores GNU/Linux e com a Microsoft;
recebe apoio da AMD e da Intel; etc), tem parecido difícil escapar de
algumas armadilhas:</p>
<ul>
<li><p>o controlador que permite à máquina quase inteira dormir enquanto
somente a tela funciona, reduzindo drasticamente o consumo de energia,
é programado com firmware proprietário, e seu fornecedor não quer
liberar o código. Felizmente, disponibilizou as especificações, de
modo que uma alternativa Livre está em desenvolvimento.</p></li>
<li><p>o controlador de rede sem fio, que funciona roteando pacotes e
estendendo a rede Mesh mesmo quando o resto da máquina está desligado,
é programado com firmware proprietário, o que já causou inúmeros
problemas aos engenheiros do OLPC. De fato, a dificuldade de depurar
e corrigir alguns dos problemas causados por erros nesse firmware, ou
por interações com ele, já atrasou a entrada do laptop em produção.</p></li>
</ul>
<p>Este é mais um sintoma do desastre tecnológico causado pela cultura do
software proprietário. Sistemas computacionais são tão instáveis
porque ninguém tem a menor possibilidade de investigar a fundo os
problemas. Por causa das restrições de acesso a detalhes de projeto e
código fonte, mesmo os engenheiros de um dos componentes só pode ver e
corrigir uma pequena fração do todo, o que muitas vezes resulta em
criação de quebra-galhos na parte em que alguém pode mexer, em vez de
real correção dos problemas na parte onde ele realmente está. E, como
os quebra-galhos são criados sem conhecimento completo, não são
inteiramente compreendidos, então as pessoas têm medo de mexer ou
tirar, e aí eles se acumulam. Receita para desperdício e desastre.
Enfim...</p>
<p>Lamentavelmente, só havia um fabricante de hardware de rede Mesh, e
este fabricante não queria liberar código nem especificações. Essa
situação tende a mudar, com a entrada de novos competidores que
implementem esse nascente padrão de rede sem fio, pelo menos um dos
quais já tem sinalizado com a possibilidade de liberar sua
implementação. Com isso, e com a entrada em produção e adoção maciça,
a fundação OLPC ganha não só uma ou mais alternativas inteiramente
Livres para uma próxima geração do laptop, mas também mais margem de
negociação com o fornecedor atual para que deixe de atrapalhar o
projeto.</p>
<ul>
<li>decodificadores para alguns formatos de mídia cobertos por patentes
de software válidas nos EUA impedem a fundação OLPC, baseada nos EUA,
de distribuir computadores com Software Livre que implemente essas
patentes, a não ser que obtenham licenças de patentes que, para manter
o Software Livre e para cumprir a licença de direito autoral de alguns
dos programas, devem estender as liberdades a quaisquer outros que
recebam o software. Há várias frentes de negociações em andamento,
mas existe o risco de que o OLPC inclua, pelo menos em alguns países,
software proprietário para decodificação de certos formatos de áudio e
vídeo.</li>
</ul>
<p>Embora eu possa compreender essas decisões ou possibilidades, pois o
objetivo almejado pelo projeto OLPC é uma libertação de prisões
muitíssimo mais cruéis e daninhas que o aprisionamento digital por
meio de Software não-Livre, pelo que considero seu objetivo um bem
maior, cumpre a mim, enquanto membro da FSFLA e da rede de FSFs,
denunciar, lamentar e me opor ao uso de Software não-Livre em qualquer
situação.</p>
<p>Ainda que eu entenda que, se não houvesse o OLPC, ou se ele atrasasse
aguardando ou desenvolvendo tecnologia inteiramente Livre, outras
alternativas propostas por competidores com muito menos escrúpulos
poderiam prevalecer e estender seu modelo de aprisionamento a ainda
mais pessoas, também entendo que o Software não-Livre é
fundamentalmente incompatível com o objetivo de educação. Aprender
usando uma ferramenta que lhe proíbe de aprender sobre seu próprio
funcionamento, e ensinar crianças a aceitarem esse tipo de limitação,
pode ter efeitos sociais terríveis a longo prazo. Basta olhar para a
imensa população atual de usuários de MS-Windows e de telefones
celulares bloqueados, incapazes de distinguir o software do hardware,
e de sequer imaginar que poderiam, se assim desejassem, controlar seus
computadores, ao invés de serem controlados (às vezes sem saber) por
eles.</p>
<p>Incluir Software não-Livre no OLPC, seja em níveis imperceptíveis para
usuários comuns mas que causam tamanho inconveniente aos seus
desenvolvedores, seja em níveis evidentes para usuários mas de pouco
impacto tecnológico do ponto de vista de desenvolvedores, faz
preservar o desastre tecnológico e as mazelas sociais causadas pela
cultura do software proprietário.</p>
<p>Devemos pressionar não só a fundação OLPC, mas os governantes e
educadores de nossos países, para que não aceitem os softwares
adicionais que traem os usuários e lhes subtraem liberdades.
Particularmente no caso dos codecs, uma imensa oportunidade pode estar
sendo desperdiçada. Por um lado, pode parecer sensato disponibilizar
software que propicie às crianças acesso a formatos de áudio e vídeo
de uso restrito por patentes de software em alguns países. Por outro,
parece-me mais sensato que os interessados em tornar seus áudios e
vídeos disponíveis o façam em formatos Abertos Livres, utilizáveis não
só pelos milhões de crianças ao redor do mundo que utilizarão os
OLPCs, mas também a todos os demais usuários de computadores.</p>
<p>E, em resposta aos que insistam em utilizar outros formatos, que tal
criar uma rede de caches e conversores de formatos nas servidoras
instaladas nas escolas cobertas pelo OLPC, em países onde as patentes
não se apliquem, e nas máquinas de quem mais queira oferecer banda de
rede e ciclos de CPU para disponibilizar áudio e vídeo para as
crianças do mundo? Enquanto a infraestrutura pra isso não fica
pronta, já existem hoje na Internet conversores on-line disponíveis
entre inúmeros formatos.</p>
<p>Mantendo a bandeira da liberdade levantada, rejeitando e resistindo à
tentação de ceder às pressões do software proprietário, o projeto OLPC
pode causar alguma inconveniência temporária até que todos se adaptem
(esse parece ser seu espírito, vide a interface Sugar), mas com isso
trazer um bem ainda maior ao mundo. Será que a BBC e a TV Cultura de
São Paulo teriam se vendido pra Microsoft se a maioria das crianças,
um de seus maiores públicos alvos, tivessem computadores que
reproduzissem somente Padrões Abertos Livres de áudio e vídeo?</p>
<pre><code>E não nos deixeis cair em tentação,
mas **livrai**-nos do mal.
Amém!
</code></pre>
<p>E que me perdoem aqueles a quem eu tenha ofendido com esta referência
a uma <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Pai_Nosso">oração cristã</a> <img src="http://www.fsfla.org/ikiwiki/smileys/smile4.png" alt=";-)" /></p>
<p>Até blogo...</p>
2007-08-31-joy-shame-anxiety.enhttp://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-08-31-joy-shame-anxiety.en.html2007-09-02T15:34:55Z2007-09-01T02:38:36Z
<p>Wow! What a couple of weeks!</p>
<h1>Joy</h1>
<p>On August 21, just 10 days ago (it feels like 10 weeks ago), ABNT, the
Brazilian standards organization, held the final meeting to decide
whether to Yay or Nay OOXML. Thanks to efforts from the community,
from the government, and even from businesses that didn't sell out to
the obvious highest bidder, <a href="http://www.truthhappens.com">truth
happened</a>. In spite of
<a href="http://avi.alkalay.net/2007/08/abnt-ooxml-odf.html">desperate
protests from Microsoft employees and supporters</a>, unable to address
the technical comments that were brought up, consensus emerged that
the vote ought to be "NO with comments." Given all the
<a href="http://www.groklaw.net/article.php?story=200708301301334">ballot
stuffing</a>,
<a href="http://www.groklaw.net/article.php?story=20070829070630660">vote
buying</a> and
<a href="http://www.groklaw.net/article.php?story=2007071812280798">other
dirty tricks</a> played by Microsoft all over the world, including in
Brazil, this was an amazing accomplishment. As at most a loud
expectator, I can comfortably voice my congratulations and my
gratitude to everyone involved.</p>
<p>Today, Aug 31, the Brazilian vote was sent to ISO, where the votes are
going to be counted until Sunday. I hope the Brazilian vote included
not only the
<a href="http://people.ffii.org/~abarrio/openxml.info/comentarios/Brasil_Comments_to_ISO_20070821.pdf">63
approved technical comments</a> prepared by the discussion group, but
also the
<a href="http://people.ffii.org/~abarrio/openxml.info/comentarios/Brasil_Comments_to_ISO-unresolved.pdf">2
most important technical comments</a> that had been initially dismissed
as non-technical, before ISO was consulted and responded that they
were legitimate and acceptable as technical arguments after all.</p>
<p>If they're not included, the Brazilian vote might still switch to a
YES should the other 63 comments be addressed (with some difficulty),
but only if these 2 additional comments are included will the standard
be effectively a Free Open Standard. We'll see. /me crosses fingers.</p>
<p>hgask sdh sskal, jgs hsdjkg......</p>
<p>/me uncrosses fingers, for typing with crossed fingers doesn't really
make much sense.</p>
<h1>Shame</h1>
<p>We were still celebrating when we got the news that, at the same time
the meeting was held at ABNT, Microsoft was
<a href="http://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-08-22-ms-brasil.en.html">celebrating a pact in Brazil</a> similar to one
of the many provisions of the <a href="http://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-07-31-ms-chile.en.html">pact it had signed
in Chile</a> just a few months before: offer software licenses and
training to teachers and young minds in need of a job. It's truly
amazing, if disheartening, that governments would commit the next
generation to work, for the rest of their lives, for a foreign
monopoly, for as little as R$4,00 (about US$2.00), and in funny money
while at that.</p>
<p>The pact at hand involves Microsoft Brasil, the Brazilian Ministry of
Labor and Employment (MTE), and Oxigênio, an NGO that trains young
people and their teachers on both Free and non-Free Software. The
deal is supposed to be part of an MTE programme to help poor young
Brazilians get their first job. Microsoft is offering as little as
R$4 million, in software licenses that cost it nothing and training
material that costs it nothing, to have as many as 1 million such
Brazilians trained to use this Microsoft software such that, when they
get their first job, that's all the software they're trained to use.</p>
<p>I'm pretty sure the license offer won't extend to their first
employers, eh? What a great, zero-risk and high-margin investment!
Hey, you know what? I'm going to get into it myself. I hereby offer
1 gazillion licenses of <a href="http://www.gnewsense.org">gNewSense</a> for
educational (or any other) use in Brazil (or anywhere else), for a
total donation of US$127Gz (US$127 for a fully-functional and
freedomful and unencumbered operating system is not bad, is it? out
of my own pocket, no less!) I'll figure out the rest of the business
plan later, but you get the idea, no?</p>
<p>Anyhow, FSFLA started <a href="http://www.fsfla.org/svnwiki/softimp/ms-brasil">organizing the
community to protest this pact</a>, but more urgent matters drew our
attention temporarily away.</p>
<h1>Shame? Joy? Anxiety?</h1>
<p>Receita Federal (SRF), with whom we've had our
<a href="http://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-05-14-irpf2007-free.en.html">encounters</a> as part of our
<a href="http://www.fsfla.org/?q=en/node/120">campaign against the software it imposes
upon Brazilian citizens</a>, has long been a bastion of proprietary
software in the Brazilian government. Last Monday, Aug 27, we learned
it planned on purchasing, on Aug 30, 40K+ licenses of Microsoft Office
2007. Yeah, that's right, the one that introduces the very file
format that the Brazilian society had rejected just the week before,
and a brand new user interface that pretty much obsoletes all training
for earlier releases.</p>
<p><a href="http://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-08-29-receita-pra-dar-tiro-pela-culatra">The alleged reasons</a>?
Users are already trained (in the older versions). TCO studies funded
by Microsoft. Limitations of ancient versions of OpenOffice.org,
caused by the very fact that Microsoft Office's formats are
proprietary. The statement that any file converter to a competing
file format will be obsolete by the time it reaches the market,
because Microsoft keeps changing its file formats. Yes,
unbelievable!, this is listed as a reason to use Microsoft's software,
not to run away from it! Fallacious reasoning that the slow adoption
of GNU/Linux and OpenOffice.org, caused in great part by this very
tactics of introducing incompatibilities, indicate they're going to
remain niche operating system and application.</p>
<p>My favorite "reason" is their qualification of Free Software adoption
initiatives as adventures, claiming that "Receita is so critical that
its functionality can't be posed at risk under any circumstances
whatsoever", and that "Any error or interruption of processing could
place the image of the entire government at risk." I guess they
didn't see e.g. the
<a href="http://www.pcworld.com/article/id,136451-c,companynews/article.html">WGA
outage</a> coming. You know, the one that left many MS-Windows users
out in the cold the weekend before we learned about this public
tender? If SRF couldn't be using MS-Windows, for the reasons they
stated themselves, why are they are even thinking of purchasing
licenses of Microsoft Office? To run it on Wine? (Didn't they manage
to break that again?)</p>
<p>And then, what's the point of a public tender for something that's
lists products by brand, rather than by requirements, such that only
Microsoft could possibly win, no matter which of its resellers that
pretend to compete gets the contract?</p>
<p>One more time, the community got together to stop this. Several
requests to stop the public tender were rejected using the same flawed
excuses. Associação Software Livre (!= FSFLA), that organizes
<a href="http://fisl.softwarelivre.org">FISL</a>, requested
<a href="http://www.softwarelivre.org/news/9816">an audience</a>, for itself and
any other Free Software-related NGOs, with Mr Nelson Machado, the
Executive Secretary of the ministry that controls SRF.</p>
<p>Rather than meeting NGOs, on Aug 29 Mr Nelson Machado met Mr Marcos
Mazoni, president of SERPRO, the federal data processing company, and
Mr Vitor Machado, of SRF. They got out of the meeting with an
<a href="http://computerworld.uol.com.br/governo/2007/08/29/idgnoticia.2007-08-29.2966809224/">agreement
to postpone the tender for a week</a>, such that proposals more in line
with the federal government's strategic decision of adopting Free
Software could be brought up. SERPRO, that had already started taking
steps towards Free Software before, has adopted a far more proactive
stance in this regard since Mr Mazoni took office, a few months ago.</p>
<p>Meanwhile, NGOs and citizens are
<a href="http://www.fsfla.org/svnwiki/stdlib/offdoc/srf-office">organizing</a> to counter the
excuses that support the adoption Microsoft Office at SRF, and to
strengthen the arguments for switching to BROffice.org, the name
OpenOffice.org adopted in Brazil after a trademark dispute.</p>
<h1>More anxiety?</h1>
<p>Great steps overall, but no firm decision yet. ISO will announce the
outcome of the OOXML vote on Sept 2; the MTE/Microsoft deal still
holds lots of headaches and surprises ahead, and it's not at all
obvious that the delay in SRF's tender will be enough to switch it
over to a Free office suite. Lots of work to do.</p>
<p>But I'm very happy to be in a country in which it feels like we can
make a difference. In which the Free Software community can reach
decision makers, or at least those who can influence decision makers,
and get a feeling that it's possible to stop bad things from happening
when we work together, and to even turn them into good things.</p>
<p>It's been a very exciting, even if very consuming, couple of weeks.
I'll be away for most of the weekend, on family matters. I suggest
those who can to take some rest as well, because we'll need a lot of
energy and effort to keep the ball rolling in the right direction. We
must not fool ourselves and think we've won these battles, let alone
the war. We're gaining ground, but it's still a long way. If we
relax, we risk losing it all back. Let's recharge batteries and then
get back to the good fight. It's well worth it.</p>
<p>So blong...</p>
2007-08-29-receita-pra-dar-tiro-pela-culatra.pthttp://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-08-29-receita-pra-dar-tiro-pela-culatra.pt.html2007-09-01T01:19:48Z2007-08-30T01:11:50Z
<p>Hoje a comunidade de Software Livre no Brasil alcançou
<a href="http://computerworld.uol.com.br/governo/2007/08/29/idgnoticia.2007-08-29.2966809224/">mais
uma vitória</a>: a
[[suspenção (sic)|http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/Licitacao/Divulgacao/Aviso/MaterialConsumo/RFBBrasiliaCopolDFPrePre1907Aviso.pdf
]] do
<a href="http://www.receita.fazenda.gov.br/Publico/Licitacao/Divulgacao/Edital/MaterialConsumo/RFBBrasiliaCopolDFPrePre1907Edital.pdf">pregão
presencial de compra de mais de R$40 mi em licenças de Microsoft
Office 2007</a>.</p>
<p>Ganhamos uma semana para desconstruir a justificativa, que por sinal a
Receita Federal não publicou junto ao edital,
<a href="http://www.receita.fazenda.gov.br/Publicacoes/Licitacao/Divulgacao/MaterialConsumo/DF.htm">no
site</a>, mas <a href="http://ufa.eng.br/OfficeSRF.pdf">já apareceu na
Internet</a>.</p>
<p>Várias coisas me chamaram a atenção nessa justificativa.</p>
<p>Primeiro, a confusão intencional entre software gratuito e Software
Livre. Os termos estão usados corretamente, mas de forma que dá a
impressão de que Software Livre é gratuito e vice-versa. Muito bem
feitinho, tem até gente que cai nessa!</p>
<p>Segundo, a longa argumentação sobre Linux como sistema operacional.
Fora a <a href="http://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-07-19-gnu+linux.pt.html">confusão terminológica</a> (Linux é só um
núcleo, GNU+Linux ou GNU/Linux é a combinação que dá um sistema
operacional completo), a presença dessa linha argumentativa só se
justifica com a intenção de, mais uma vez, confundir. O pregão é
sobre suíte de escritório, não é sobre sistema operacional. Não tem
nada que argumentar se um sistema operacional sobre o qual uma
aplicação que eles querem comprar não roda é um sistema operacional de
nicho ou não. A argumentação de que GNU/Linux é um sistema
operacional de nicho só serve para depois dar um salto sem qualquer
base em argumentos lógicos (sofisma ou falácia?) para concluir que
BROffice.org é também uma aplicação de nicho. Eu não queria nem
entrar no mérito do argumento, mas vale apontar que as grandes
barreiras à adoção tanto do GNU/Linux quanto do BROffice.org, que
levam à adoção lenta apontada pela justificativa, são
incompatibilidades e desvios de padrões abertos livres introduzidos
intencionalmente pelo fabricante monopolista. Uma vez mais, um
argumento bem construído e convincente para um leitor descuidado, mas
não menos falso. Ao contrário do Microsoft Office, BROffice.org roda
em GNU/Linux tão bem quanto em Microsoft Windows. Não faz sentido
trazer GNU/Linux para o debate como forma de desqualificar
BROffice.org, pois apenas demonstra mais uma limitação do produto pelo
qual se deseja desperdiçar dinheiro público em troca de licenças
restritivas de uso. É um tiro pela culatra.</p>
<p>Terceiro, o texto apresenta argumentos fortíssimos para justificar a
adoção de padrões abertos livres, ao invés de aumentar a dependência
tecnológica em um modelo econômico que exige atualizações constantes e
obsolescência programada para funcionar:</p>
<blockquote><p>Talvez haja um otimismo exagerado na idéia de que o pacote MS-Office
seja um produto estático à espera de um bom conversor. Pelo
contrário: ele evolui o tempo todo e a própria lógica sugere que,
<strong>por maiores que sejam os esforços envidados pelos entusiastas do
software livre, qualquer conversor estará, por definição,
ultrapassado já no seu lançamento.</strong></p>
<p>Em outras palavras, <strong>é provável que nunca se chegue a um conversor
minimamente razoável</strong>, mesmo porque a Microsoft, dona do
MS-Office, com certeza vai trabalhar cada vez mais para ampliar seus
recursos, dotá-lo de novas funcionalidades e melhorar ainda mais
suas características. E o que leva a Microsoft agir assim não é o
propósito de sabotar o software livre, mas sim uma <strong>filosofia de
seu próprio fundador, que desde sempre teve um lema: “torne seu
produto obsoleto”</strong>. Ou seja, a inovação do MS-Office é um
imperativo para continuar vendendo esse produto, independentemente
de existir ou não um concorrente à altura.</p>
<p>Portanto, não soa sensata a idéia de um conversor, pelo simples fato
de que ninguém sabe ao certo como serão as próximas versões de
programas da Microsoft.</p></blockquote>
<p>O argumento de que incompatibilidades sejam necessárias à evolução e
portanto inviabilizem conversores é falacioso. É principalmente
porque os formatos de codificação de informação da Microsoft são
proprietários e secretos que conversores são tão difíceis e demorados
para criar. A Microsoft se recusa a participar da evolução de padrões
abertos livres porque isso lhe tiraria a dependência exclusiva, o
monopólio que se acostumou a explorar. Apresentar essa dependência
exclusiva como se fosse uma vantagem do Microsoft Office é outro tiro
pela culatra.</p>
<p>O texto induz o leitor a esquecer várias justificativas fortes e
plausíveis para decisões de cunho social ou político:</p>
<blockquote><p>Em tese, só existiriam duas razões para justificar que a Receita
Federal viesse a mudar a tecnologia atualmente em uso: vantagens
econômicas ou vantagens tecnológicas.</p></blockquote>
<p>Será que a soberania do país não vale nada? Colocar os computadores
da Receita Federal sob controle total de uma empresa estrangeira, não
necessariamente comprometida com nossos interesses nacionais, é uma
razão que não merece nem mesmo consideração?</p>
<p>Adicionalmente, o texto restringe o escopo das vantagens econômicas e
tecnológicas analisadas ao pagamento ou não de licenças e à
funcionalidade atual do software, desconsiderando as diferenças para
<strong>desenvolvimento econômico e tecnológico</strong> entre (i) pagar por
licenças de uso de uma versão específica do software, cujos royalties
são todos enviados para o exterior, e (ii) pagar por serviços de
desenvolvimento, treinamento, suporte, etc, para empresas sediadas no
Brasil, desenvolvendo tecnologia no Brasil, pagando impostos e
salários de trabalhadores no Brasil, ainda que parte de uma comunidade
mundial de cooperação.</p>
<p>Quando fala de supostas vantagens tecnológicas do Microsoft Office, o
documento o faz citando comparações de versões obsoletas do
BROffice.org.</p>
<p>Quando fala de supostas vantagens econômicas do Microsoft Office,
<a href="http://listas.softwarelivre.org/pipermail/psl-brasil/2007-August/021638.html">conta
o custo de saída do software proprietário como se fosse custo de
entrada no Software Livre</a>: esquece de contar custos passados e
futuros, em função de obrigações incorridas por escolhas passadas, do
lado proprietário da balança, <strong>tornando a justificativa toda uma
versão elaborada de
<a href="http://listas.softwarelivre.org/pipermail/psl-brasil/2007-August/021652.html">"um
erro justifica o outro"</a></strong>.</p>
<p>Se forem contabilizados todo os gastos diretos passados em licenças,
treinamento, e gastos futuros em novas licenças, re-treinamento para
atualizações, e ainda os custos de conversão de arquivos para outros
formatos, no momento em que finalmente se tome a decisão de pagar a
conta acumulada em função da adoção de um padrão proprietário, a
balança vai sem sombra de dúvida mostrar que a liberdade pesa menos.</p>
<p>Portanto fica claro que, mesmo que dar o passo para a liberdade possa
custar mais no instante em que se tome a decisão, no longo prazo não
há como justificar gastos que se traduzem em dependência e ainda mais
obrigações de gastos futuras. Se, contabilizando gastos passados, a
liberdade pesa menos, fica claro que, no longo prazo, mesmo
desprezando gastos passados, a liberdade é um melhor investimento.</p>
<p>Finalmente, voltando ao parágrafo que comecei a citar acima, fica
patente e declarado que a Receita Federal não podia sequer considerar
usar MS-Windows XP ou Vista, quanto mais aplicações exclusivas para
esses sistemas operacionais. Diz a justificativa:</p>
<blockquote><p>Em tese, só existiriam duas razões para justificar que a Receita
Federal viesse a mudar a tecnologia atualmente em uso: vantagens
econômicas ou vantagens tecnológicas. Qualquer outro motivo não
parece fazer sentido, inclusive porque <strong>a Receita é uma área
crítica para o Governo e sua funcionalidade não pode ser posta em
risco sob nenhuma circunstância.</strong></p>
<p>Por ser muito visível, a Receita Federal tem uma forte necessidade
de preservação de imagem. <strong>Qualquer erro ou interrupção do
processamento pode pôr em risco a própria imagem do Governo
Federal.</strong> Por isso, é de todo desaconselhável qualquer iniciativa
que não seja solidamente embasada e exaustivamente testada.</p></blockquote>
<p><a href="http://www.pcworld.com/article/id,136451-c,companynews/article.html">Tipo</a>
<a href="http://pcworld.uol.com.br/noticias/2007/08/29/idgnoticia.2007-08-29.5509120900/">assim</a>?
(<a href="http://www.pcworld.com/article/id,136541-c,windows/article.html">original</a>)</p>
<blockquote><p>O problema começou na sexta-feira (24/08) e durou até a tarde de
sábado (25/08). <strong>Neste período, alguns usuários incorretamente
falharam no processo de validação, o que os impediu que usar alguns
recursos</strong></p>
<p>No sábado, <strong>usuários se enfureceram porque a falha os impedia de
trabalhar</strong> -- pelo menos um deles disse que era um desenvolvedor e
não pôde acessar a atualização do DirectX porque sua máquina havia
sido incorretamente marcada -- ou jogar. Outros questionaram por
que haviam sido efetivamente marcados como piratas.</p></blockquote>
<p>Volto ao texto da Receita:</p>
<blockquote><p>sua funcionalidade não pode ser posta em risco sob nenhuma
circunstância</p></blockquote>
<p>Enquanto a Receita Federal não tiver controle absoluto sobre todas as
aplicações que roda, a funcionalidade está em risco. Não importa
quanto tenha testado o Software: só o fabricante do software
proprietário sabe o que seu software faz em condições que a Receita
Federal nem imaginaria que poderia precisar testar. Só com Software
Livre em todos os níveis e em todas as aplicações críticas a Receita
Federal pode garantir o atendimento desse requisito, saber o que faz o
software que ela utiliza, e evitar o risco de que interesses ou erros
de terceiros ponham "em risco a própria imagem do Governo Federal".</p>
<p>Chamar um argumento como esses, que buscava justificar a adoção de um
software proprietário, de tiro pela culatra é um tremendo eufemismo.
Está mais pra bala de canhão atirada pra cima, que afunda o próprio
navio. Ou praquele sistema operacional proprietário que deu tela azul
na hora errada (tem hora certa?) e acabou afundando aquele submarino
nuclear, sabe?</p>
<p>Até blogo...</p>
Folheto de protestohttp://www.fsfla.org/ikiwiki/softimp/ms-brasil/folheto.pt.html2007-08-27T15:30:42Z2007-08-25T18:47:37Z
<blockquote><p>Este é um rascunho de um possível folheto para ser distribuído em
protestos, para alertar a população, especialmente o público alvo do
acordo, para que cobrem dos agentes públicos e das ONGs envolvidas
no programa, medidas que melhor defendam os interesses dos jovens.
É um texto em desenvolvimento colaborativo. Discuta, comente,
sugira alterações, mande ver! Se não quiser usar os comentários no
próprio wiki, mande e-mail para <a href="mailto:softwares-impostos@fsfla.org">softwares-impostos@fsfla.org</a>.</p></blockquote>
<p>Imagine um governo que assine um contrato para que 1 milhão de jovens
passem a trabalhar, pelo resto de suas vidas, em prol de um monopólio
decadente e ultrapassado, já condenado na Europa, nos EUA e no Brasil,
remunerados mediante um único pagamento de míseros R$4,00 por jovem,
em dinheiro impresso pelo próprio monopólio. Impossível? Antes fosse.</p>
<p>Em 20 de agosto de 2007, o Ministério do Trabalho e do Emprego
ingenuamente assinou, como parte do Programa Nacional de Estímulo ao
Primeiro Emprego (PNPE, agora ProJovem), um convênio com a Microsoft
Brasil, nesses termos.
<br /><a href="http://www.oxigenio.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=164">http://www.oxigenio.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=164</a></p>
<p>A Microsoft oferece a professores e alunos permissão e adestramento
para uso do software que comercializa, tornando-os agentes de promoção
e disseminação do software e extensão do monopólio e da dependência
tecnológica determinados pelo software e pelos formatos secretos em
que ele armazena informação.</p>
<p>Ainda que duplicar software, material didático e permissões de uso
tenha custo praticamente nulo, calculam e alardeiam a doação fictícia
total a partir do preço de mercado desses itens, que só será pago de
fato por empregadores que ainda sofram dessa dependência e portanto
ainda vejam utilidade no adestramento. Pagando por licenças para que
cada empregado possa utilizar legalmente o software em que foi
adestrado, oferecerão à Microsoft um retorno muitíssimo maior que os
R$4,00 fictícios por ela doados.</p>
<p>Felizmente, muitos empregadores têm escapado dessa armadilha através
do Software Livre, que não faz o usuário nem seus dados reféns de um
fornecedor monopolista. Têm adotado suítes de escritório como
BROffice.org, navegadores como Mozilla Firefox, e até sistemas
operacionais completos recheados de aplicações, como as milhares de
variantes de GNU+Linux que existem.</p>
<p>Software Livre não exige pagamento de licença por usuário, mesmo
quando obtido a partir de um fornecedor comercial, razão pela qual é a
escolha natural para programas de inclusão digital em que se rejeita a
influência daninha dos empresários monopolistas. Software Livre, ao
contrário, impede a formação de monopólios, garantindo ao usuário a
possibilidade de contratar qualquer fornecedor para prestar serviços
que necessite relacionados ao software, ou mesmo de estudar e alterar
o comportamento do software. Se for de seu interesse, pode até
participar de seu desenvolvimento e oferecer serviços sobre ele.</p>
<p>Com tantas vantagens, além de maior facilidade de uso, maior
segurança, maior eficiência e maior estabilidade, não é surpresa que
governos e empresas venham demandando cada vez mais profissionais
capacitados no uso dessas aplicações e sistemas operacionais Livres,
em número muito maior do que o número de profissionais disponíveis com
essas qualificações.</p>
<p>É por causa dessa demanda não atendida que a remuneração dos
capacitados em Software Livre é hoje maior que a dos capacitados em
software proprietário. Infelizmente, esse pacto condena os ProJovens
a uma remuneração menor e à escravidão digital, ao mesmo tempo em que
atrasa ainda mais o desenvolvimento econômico e tecnológico do país.</p>
<p>Não pedimos que se rejeitem contribuições para a formação profissional
de jovens brasileiros. Só pedimos que tais contribuições venham numa
forma em que possam ser aplicadas no que seja melhor para os jovens e
para o país, ao invés de favorecerem exclusivamente ao próprio doador
e seus parceiros, prejudicando a todos os demais.</p>
<p>Anzóis escondidos em iscas ilusórias que se fazem passar por
contribuições não servem ao bem comum. Ao contrário, levam quem busca
fazer o bem a promover, sem perceber, interesses contrários. Ofertas
que, ao invés de somar, subtraem devem ser rejeitadas, não importa
quão atraentes pareçam. Devemos atentar não para a isca, mas para o
anzol nela escondido.</p>
<p>São contribuições desinteressadas, sem armadilhas escondidas, que
possibilitam perseguir o interesse público. Essas por certo não
desaparecerão frente à possibilidade de serem utilizadas para dar
passos na direção de uma sociedade mais justa.</p>
2007-08-22-ms-brasil.enhttp://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-08-22-ms-brasil.en.html2007-08-27T15:25:44Z2007-08-24T07:46:09Z
<p>Do you know <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/First_they_came">that poem</a>...</p>
<pre><code>First they came for the XXX
and I didn't speak up
because I wasn't an XXX.
</code></pre>
<p> Then they came for the YYY
and I didn't speak up,
because I wasn't an YYY.</p>
<p> ...</p>
<p> At last, they came for me
and then there was nobody left
who could still speak up.</p>
<p>Do you know of <a href="http://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-07-31-ms-chile.en.html">Microsoft's pact with the Chilean
Ministry of Economy</a>?</p>
<p>The Chilean community reacted, FSFLA is working (even if not in a
publicly-visible way, I must say), but, as far as we could see, Brazil
did extremely little.</p>
<p>Well... What
<a href="http://www.oxigenio.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=165">now</a>,
that
<a href="http://www.oxigenio.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=168">it's
upon us</a>?</p>
<p>The agreement with the Brazilian Ministry of Labor and Employment is
very similar to one of the points in the agreement in Chile: training
of teachers and students in a professionalizing program
(First-Employment Program) in using Microsoft's monopolist platform.
Digital inclusion in the proctological sense <img src="http://www.fsfla.org/ikiwiki/smileys/ohwell.png" alt=":-/" /></p>
<p>According to
<a href="http://www.oxigenio.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=164">one
of the news reports</a>:</p>
<blockquote><p>the multinational will invest 4 million reais over one year
<br />[...]<br />
The agreement signed yesterday will provide NGOs, under the National
Program to Stimulate the First Employment (PNPE), with resources to
qualify 980 thousand youngsters. PNPE, henceforth renamed to
ProYoung, will have a 2008 budget between 450 to 500 million reais.</p></blockquote>
<p>As in (in reference to <a href="http://www.oxigenio.org.br">NGO Oxigênio</a>'s
slogan), Microsoft plants a seed of 4 reais per student, society kicks
in with another 450 to 500 reais per student, and Microsoft reaps
alone the fruits of extending the monopoly and technological
dependency in the long term?</p>
<p>Could we perhaps make pressure NGOs and the government to demand the 4
million reais in cash, instead of in training material that is already
finished and software licenses that don't really cost anything, to be
able to invest in actual formation, instead of tacking up and
blinkering teachers and students, not to mention the stirrup for
Microsoft to step upon to mount on them?</p>
<p>Join us at <a href="http://www.fsfla.org/svnwiki/softimp/ms-brasil">http://www.fsfla.org/svnwiki/softimp/ms-brasil</a>!</p>
2007-08-22-ms-brasil.eshttp://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-08-22-ms-brasil.es.html2007-08-27T15:25:44Z2007-08-24T07:25:41Z
<p>Sabes <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/First_they_came">aquel poema</a>...</p>
<pre><code>Primero vinieron tras los XXX
y yo no hice nada,
porque yo no era XXX.
Después vinieron tras los YYY
y yo no hice nada,
porque yo no era YYY.
...
</code></pre>
<p> Por fin vinieron tras de mí
y ahi ya no había nadie más
que pudiese hacer alguna cosa.</p>
<p>Sabes de aquel <a href="http://www.fsfla.org/ikiwiki/blogs/lxo/2007-07-31-ms-chile">pacto de la Microsoft con el
Ministerio de Economía en Chile</a>?</p>
<p>La comunidad de Chile se movió, la FSFLA está actuando (aun cuando, no
de una manera publicamente visible, debo decir), pero, hasta donde
pudimos ver, brasil hizo muy poco.</p>
<p>Bueno... ¿Y
<a href="http://www.oxigenio.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=165">ahora</a>,
que
<a href="http://www.oxigenio.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=168">es
con nosotros</a>?</p>
<p>El acuerdo con el Ministerio del Trabajo y Empleo del Brasil es muy
semejante a uno de los puntos del acuerdo en Chile: capacitación de
profesores y alumnos en un programa de capacitación (Programa Primer
Empleo) en el uso de la plataforma monopolista de la Microsoft.
Inclusión digital en el sentido proctológico de la palabra <img src="http://www.fsfla.org/ikiwiki/smileys/ohwell.png" alt=":-/" /></p>
<p>Dice
<a href="http://www.oxigenio.org.br/a_noticias_detalhes.asp?cod_noticias=164">una
de las noticias</a>:</p>
<blockquote><p>la multinacional invertirá 4 millones de reais en el plazo de un año
<br />[...]<br />
El acuerdo firmado ayer va a abastecer a ONGs, bajo el alero del
Programa Nacional de Estímulo al Primer Empleo (PNPE), con el objeto
de capacitar a 980 mil jóvenes. El PNPE, a partir de ahora con el
nombre de ProJoven, deberá disponer en 2008, de un presupuesto entre
450 y 500 millones de reais</p></blockquote>
<p>¿Entonces (aquí se hace una referencia al slogan de la
<a href="http://www.oxigenio.org.br">ONG Oxígeno</a>), Microsoft planta una
semilla de 4 reais por alumno, la sociedad entra con otros
R$450-R$500, y Microsoft recoge solita los frutos de la extensión del
monopolio y de la dependencia tecnológica a largo plazo?</p>
<p>¿Sería posible que la gente lograra presionar a las ONGs y al gobierno
para exigir los R$4 millones en dinero, en vez de material de
capacitación que ya está listo y licencias de software que de hecho no
tienen costo, para poder invertir en capacitaciones de verdad, en vez
de ponerle arneses y anteojeras a los profesores y estudiantes, sin
mencionar los estribos para que Microsoft se suba a montarlos?</p>
<p>¡Participe en <a href="http://www.fsfla.org/svnwiki/softimp/ms-brasil">http://www.fsfla.org/svnwiki/softimp/ms-brasil</a>!</p>
<p>Gracias a Juan Olguín por la traducción al español.</p>